sexta-feira, 8 de abril de 2011

A vida como ela é ou como nós somos?

Legião Urbana tem um disco chamada Mais do Mesmo. A vida imita o vídeo foi cantando pelos Engenheiros do Hawai. As novelas informam que qualquer relação com a realidade é mera coincidência. A história da humanidade se dá em ciclos, informam os cientistas.
Tudo leva crer que os fatos não surgem, eles se renovam.
Ontem, ao me deparar com a notícia da escola em Realengo, sem saber que era em Realengo, recordei-me de outros casos parecidos, em especial nos EUA, e pensei: eles voltaram. Após algum tempo, eles voltaram.
Kevin Khatchadourian, Lionel Shiver, Luke Woodhan e, agora, Wellington.
A dor e a revolta se misturam a indignação e a falta de resposta para uma pergunta básica: o porquê?.
A resposta fica ainda mais difícil porque Wellington não se enquadra no perfil dos nossos inimigos: não é traficante, não tem antecedentes, não é preto, não é pobre..... Bem, se ele não é nosso inimigo, porque fez isso? Se ele é igual não era pra fazer isso. Ocorre que discutir igualdade sentado no conforto do lar, tomando uma cerveja ou nos escritórios refrigerados é fácil. Ver a realidade é outra história. Não a realidade dos semanários. A realidade nua e crua. Biquini Cavadão, cantando Zé Ninguém afirmou que “aqui embaixo as leis são diferentes”.
Voltando, acredito que não teremos respostas para as nossas perguntas. O ser humano é tão complexo que nem mesmo ele se conhece. Somos fracassados enquanto espécie animal. Que outro animal faz esse tipo de atitude. A morte, no reino animal, vem por proteção ou para garantir a sobrevivência. No reino dos homens, ela vem por vir. Matamos sob qualquer fundamento. Veja a nossa capacidade; até guerra santa já produzimos.
Por acaso do destino ou um ônus da dominação, matamos um ao outro sem qualquer motivo ou finalidade específica. Construímos objetos que tem por único fim a morte, e quanto mais letal a arma que produzimos mais importante somos. Alguns defendem a fabricação da bomba atômica para que possamos ter voz, os mesmos que agora vociferam contra a insanidade humana ou contra o desprezo do Estado.
Ora, a bomba mata apenas adultos ou bandidos? Ela tem caráter seletivo? Crianças de outras nacionalidades não são crianças? Os filhos dos outros são apenas os outros? Não. Em Hiroshina morreram milhares de crianças. No Vietnã morreram milhares de crianças. No Iraque morreram milhares de crianças. No Afeganistão morreram milhares de crianças. Nas nossas ruas, diariamente, morrem crianças.
E morrem não somente pelas mãos de traficantes, bandidos, policiais, dementes. Morrem pelas mãos de políticos canalhas que desviam verba da merenda escolar para comprar uísque ou ração de cachorro. A diferença é que no crime de corrupção não temos sangue visível. Não temos imagem para explorar nos noticiários. Os vídeos não vão para o Youtube. O nosso espírito sanguinário não se alimenta. Mas o reflexo da corrupção é muito mais severo e muito mais abrangente. São tão canalhas quanto. Ou mais. Um ataca por insanidade o outro por ganância, por falta de caráter. O valor da vida nos dois caso vale a mesma coisa: nada.
Wellington consegui o que queria: vingou-se. Vingou-se da raça humana. Vingou-se da sociedade. Vingou-se dos homens. Errou o alvo. Matar crianças é demais até para a espécie humana. Crianças e meninas. Traumas? Quem sabe?. Desprezo? Quem sabe?. Renegado? Quem sabe?. Louco? Quem sabe?.
Luke Woodhan, que cometeu crime parecido em Mississipi, com o agravante que esfaqueou a mãe em casa antes de matar na escola, disse assim. “eu matei porque gente como eu é maltratada todos os dias. Fiz isso pra mostrar que, quando a sociedade nos empurra, a gente empurra de volta”.
É para se refletir!

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