quinta-feira, 23 de abril de 2009

Juíza proíbe interrupção de tratamento de criança ianomâmi em hospital

Atendendo a pedido do Ministério Público do Amazonas, a Vara da Infância e da Juventude de Manaus determinou que uma menina ianomâmi com hidrocefalia, pneumonia e tuberculose continue sendo tratada no hospital Infantil Dr. Fajardo, contra a vontade da tribo e da Funai.
Os índios e a Funai defendem que a criança -de 1 ano e 6 meses- volte à aldeia (639 km de Manaus), mesmo sem a alta do hospital. Para os índios, ela deve ser tratada pela medicina indígena com ajuda da medicina convencional.
A direção do hospital diz que a índia, que está respondendo ao tratamento, pode morrer se isso ocorrer. A hidrocefalia é causada pelo aumento anormal do volume de liquor no cérebro, que pode fazer pressão contra o crânio.
A mãe da criança recebeu da Funai, na segunda, autorização para tirar a menina do hospital com apoio da ONG Secoya. Porém, no despacho de ontem, a juíza Carla Reis determinou que o hospital mantenha a criança internada até q ue ela obtenha alta.
Na terça-feira, dois ianomâmis tentaram tirar a criança da enfermaria, disse a PF. Em nota, o gestor da Funai em Manaus, Edgar Rodrigues, diz que, entre os ianomâmis, se a mulher gerar um filho "defeituoso", é permitido o infanticídio. Ele afirma que a "Funai acata a decisão da mãe de interromper o tratamento".
Ontem, integrantes da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia), que defendem a remoção da menina, disseram que não vai haver infanticídio. Segundo eles, as internações agravaram seu estado de saúde e ela deveria voltar à aldeia, onde seria tratada também por enfermeiros capacitados.

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