segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Respeito às diferenças

Aluno obeso ganha indenização em MG devido à falta de beca adequada para formatura


Uma universidade e uma empresa de eventos de Minas Gerais foram condenadas, em primeira instância, a indenizar em R$ 7.600 um ex-aluno, que é obeso, porque não providenciaram uma beca especial a ele no dia da formatura.

Antônio Alberto de Melo, 41, formou-se tecnólogo em moda e acessórios em dezembro de 2005, no campus de Bom Despacho (168 km de Belo Horizonte) da Unipac (Universidade Presidente Antônio Carlos).

Melo disse ter passado por constrangimento na formatura por não ter recebido uma vestimenta de tamanho adequado, apesar de ter feito a solicitação à universidade e à empresa que organizou a solenidade, a Usina de Eventos, de Belo Horizonte.

O ex-aluno, que possui 1,82 m e pesava cerca de 150 quilos na época, disse que pagou R$ 70 pelo aluguel da beca e chegou a ter suas medidas aferidas para a confecção. Também falou que tentou participar da cerimônia de colação de grau sem a beca, mas não foi autorizado.

Os coordenadores do evento e da universidade cortaram as laterais da beca e tentaram vesti-lo, utilizando alfinetes.Por fim, quando já desistia de participar da cerimônia, Melo foi autorizado a dispensar o uso da beca e utilizar apenas o jabô (parte branca da peça).

"Todos ficaram me olhando e eu estava ridículo. Com o dinheiro do aluguel poderia ter feito três outras becas, mas quis alugar na empresa já para evitar o constrangimento de ficar diferente dos demais."

Melo diz que já tinha passado por constrangimentos nos dois anos que estudou na universidade por ser obeso. "Em dia de prova eu sentava na mesa do professor. Nunca entrei na biblioteca porque não conseguia passar pela catraca." O ex-aluno também diz ter engordado 50 quilos por problemas de ansiedade provocados pelo episódio da formatura.

Melo --que pediu R$ 170 mil de indenização--, a empresa e a universidade recorreram da decisão ao Tribunal de Justiça de Minas. A diretoria da Unipac afirmou que não tem nada a declarar sobre o assunto. O advogado da Usina de Eventos, Haroldo Celso de Assunção, não respondeu aos recados deixados pela reportagem em seu celular nesta terça-feira. 

RENATA BAPTISTA -  Agência Folha

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